Ria. Ria à vontade da desgraça alheia. Hoje, até eu me
divirto com essa lembrança. Mas saiba que naquela hora, em que a Escola de Inteligência
do país X (vou chamar assim para preservar o anonimato do lugar) começou a
mexer os pauzinhos para me mandar de volta ao Brasil, meu estresse foi às
alturas!
Tudo porque eu precisava coletar dados para o livro Atrás do Crime (ed. Giostri, 2016).
Isso me fez refletir que uma ficção, afinal, tem grande
relevância em qualquer país. Alguns dizem “Poxa, mas os personagens não existem,
os fatos não existem. Tudo foi imaginado”. E ainda assim, o escritor precisa
enfrentar dilemas bizarros, uma vez que vai retratar indiretamente as mazelas,
em outras palavras, o lixo que os governantes teimam em esconder debaixo do
tapete. Resultado final: a sujeira é tanta que o tapete acaba parecendo o
Everest – impossível caminhar sem equipamento especial por cima dele!
Depois, o governo mudou de ideia, e aquilo para mim equivaleu
ao “Dia do Fico”. Mas para que me dessem o visto, tive que fotografar o
apartamento onde ficaria durante 90 dias. Aceitei. Tirei foto da sacada, da
porta principal, da sala ligada à cozinha minúscula e do quarto. Também tive
que fotografar a rua e a fachada do prédio. Anotaram meu celular pré-pago,
adquirido lá, e xerocaram todos os meus documentos. Acho que isso tudo para dar
a impressão de que estavam “no comando”, “no domínio” da situação.
Quando voltei para o Brasil com a pesquisa de campo
concluída, cheguei a beijar o chão... até que um malandrinho passou correndo e
levou meu celular ainda com chip do
exterior. Limpei a boca com o braço direito, mandando o amor à pátria ao devido
lugar! Pensei: “Fui tão longe, e o não há material mais rico para um livro
policial do que aqui”.
E o resultado foi um Atrás
do Crime cheio de reviravoltas, conhecimento técnico e, sobretudo, muita
adrenalina.
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Link de venda:
Bata um papo com a autora:
Foto tirada num dia de folga |
Livro que nasceu no país em que eu fui malquista. |
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