Atrás do Crime - conquistando os leitores do Brasil

Atrás do Crime - book trailer

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

MISTÉRIO NO CENTRO HISTÓRICO, de TAILOR DINIZ – um Policial repleto de humor

     
     Estava navegando pelo site da editora Dublinense quando encontrei um romance que me chamou a atenção: “Mistério no Centro Histórico”, de Tailor Diniz. Li a sinopse, gostei e como se trata de um autor bem conhecido, procurei-o no Facebook para solicitar amizade. Minha surpresa? Eu já era amiga dele, e nem havia me dado conta. Casos típicos do Face, não é mesmo? Você vai adicionando amigos ou vai sendo adicionada, mas a amizade só acontece depois de um segundo passo, ou terceiro, ou quarto...  Bem, o segundo passo se concretizou quando sugeri trocar nossas obras: enviei o Atrás do Crime; ele, o Mistério no Centro Histórico; e, a partir daí, uma caixinha de surpresas foi se desvendando aos meus olhos junto ao inteligente e perspicaz detetive Walter Jacquet.


      A obra é ambientada em Porto Alegre, descrita com ares de boemia, o ar refrescante do bairro Moinhos de Vento e, como o próprio título sugere, o sombrio porém sedutor centro histórico. Outro personagem, Joãozinho Macedônio, o acovardado frente ao mundo, é introduzido no enredo. Joãozinho, após várias experiências fracassadas nos negócios, aventura-se agora na literatura, e, com a visita de seu amigo de infância, o famoso detetive Jacquet, direto dos Estados Unidos, vê uma oportunidade de apresentar a sua “novelinha” e angariar algumas sugestões (ou simplesmente alguns elogios ao seu ego abalado). 

      Walter Jacquet, por sua vez, diante de uma narrativa que descreve a explosão de uma bomba em Porto Alegre e a posterior prisão, quase imediata, do suposto terrorista, fica completamente intrigado com a forma como o caso foi “solucionado” pela polícia. É aí que Jacquet decide investigar o caso, alertando o amigo escritor que sua novelinha estava muito superficial, era necessário aprofundar os fatos. Joãozinho parece contrariado, preferindo a lei-do-menor-esforço, alegando que gente grande poderia estar envolvida, o que representaria uma ameaça não só ao detetive, mas também à mesada que recebe da família para simplesmente não causar mais problemas à sociedade.

      O que ocorre depois é pura diversão. Joãozinho provoca risos nos leitores e até a secretária não poupa de dar-lhe boas broncas. Lembrou-me o espírito bem-humorado de Luís Fernando Veríssimo e, para falar a verdade, achei que esse tom de humor tornou a obra de Tailor Diniz peculiar diante de muitos outros romances policiais, onde o que predomina é a tensão. A leitura ficou fluída, engraçada, inteligente. Que toque de mestre!

      Sem contar que o velho espírito gaúcho (o de se achar superior aos demais brasileiros por suas antigas façanhas) é bem retratado e acaba sendo questionado na narrativa. Por um lado, o oportunista Secretário de Vigilância e Proteção à Cidadania do Estado afirma que o terror até tentou chegar nas terras sulinas, mas que foi imediatamente desmantelado pelos órgãos de segurança mais eficientes do país. Por outro, o detetive Jacquet se questiona: por que os terroristas estariam de olho no Rio Grande do Sul? O que ganhariam explodindo a marquise de um prédio velho um ano após o atentado nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001?

      A crítica a esse sentimento exacerbado dos sul-rio-grandenses, contudo, não é áspera. Pelo contrário, é bem-humorada, é divertida e acho que a obra revela ainda uma outra essência do gaúcho: o gosto por rir, por celebrar a vida, por viver leve.


      Finalizo dizendo que o livro é genial. Um policial irreverente e bem escrito.  Aos fãs do gênero, um toque de humor raramente visto e um mistério que vocês, leitores, irão gostar, e muito, de desvendar.